quinta-feira, dezembro 15, 2011


uma pura transparência....um reflexo do meu próprio motivo para ser.
sem essa merda de bons costumes pra cima de mim.


...olha só que ridículo!

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Quando percebi a sala estava infestada de grilos,
pulando todos verdes pros tantos lados,
cima, baixo, lado, outro e outro e outro,
a gravidade deixou de existir,
senti meus pés desencostando do chão,
os grilos encostando em mim,
grudavam secos, mil patinhas secas,
me coçavam nas juntas e eu coçava,
até sangrar muito pros tantos lados,
e pulando os grilos ficavam todos vermelhos.

Paciência

-Virtude que faz suportar com resignação a maldade, as injúrias, as importunações etc.
-Perseverança, constância.
-Nome de certo jogo de cartas.

terça-feira, dezembro 13, 2011

fona

Estou na dúvida...
é tanta que fez mudar minha caligrafia.
Estranho ter esse tipo de consequência,
me preocupar em desenhar direito os "As",
escrever os pontos com pequenas bolinhas.
Ao final de cada frase afasto,
um pouco, do papel, o rosto
e vejo o desenho que surge
nas rebuscadas linhas que se entrelaçam
e formam laços com precisão.
Como se estivessem lá antes,
e o que se escreveu foi simplesmente
por ligar os pontos nas palavras
que não significam nada.
Na simplicidade de flutuarem,
e morrerem no ar.
"certamente não tinha inclinação para estímulos sem esperança nem admirava nada facilmente."

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Longo

Estava num apartamento vazio, e incrivelmente, mesmo paracendo o visitar pela primeira vez, sabia como era a vista daquele andar. Dali conseguia ver os trilhos do trem logo ao lado do prédio seguido de um terreno baldio descuidado.

A essa altura a chuva fina que atravessei para chegar tomara forma e formava enxurradas em qualquer sarjeta que encontrasse, os trilhos estavam já alagados e a água levou pouco tempo para arrastar qualquer tipo de coisa que pudesse atrapalhar a mobilidade do trem, e pelo que parecia, não funcionaria hoje de qualquer jeito.

A luz azul pálida que entrava pelas janelas revelava um ambiente vazio, seco e frio, causava um desconforto misturado com arrependimento que não se fazia entender facilmente. Logo abaixo da janela havia somente uma cama de solteiro sem lençol, as manchas secas no colchão mostravam um usual desleixo, como se aquilo estivesse ali para exatamente ser usado em emergências sórdidas.

Você saiu de um dos cômodos ao fundo da estreita sala principal me fazendo virar bruscamente e dar um mau jeito no pescoço, só consegui te ver de costas, você logo entrou na próxima porta, rápido, mas, o suficiente pra esclarecer o que estava acontecendo.

Fomos para nos encontrar, preparar o terreno para alguma coisa maior, seguiria o desfecho maldoso que inventamos. Não fora a primeira vez que estivemos ali, disso tinha certeza, mas qual fora a última vez que estávamos? Qualquer tentativa de lembrar parecia em vão, mas ficou claro que reconhecer aquela vista não era uma coincidência.

Olhei pela janela denovo e me espantei em como a chuva trouxera vários carros pra cima dos trilhos em tão pouco tempo, a quantidade de água era absurda. Pelo visto ficaríamos mais do que o previsto, se realmente tivesse alguma previsão. Mas, da onde vieram todos aqueles carros que eu não tinha notado antes?

Me destraí ao ouvir passos no corredor se aproximando rápido e certeiro da porta da frente, meus músculos se enrijeceram fazendo meu pescoço dar uma pontada, e então, duas batidas pesadas na porta. Hah, eu já suspeitava, mas não, não abri e você pelo visto também não se importou muito em ter qualquer tipo de reação que o revelasse.

Não sei quanto tempo se passou depois disso, pois, na minha paralisia momentânea me pareceu que o tempo nem tinha passado. Finalmente me mexi, o primeiro movimento foi passar a mão pelos cabelos, resolvi tomar um banho.

O banheiro estava bem limpo, água quente, sabonete, shampoo, toalha, tudo ali. E, sem nenhum sinal de vida em volta, simplesmente me deixei esquecer de tudo que nem sabia e fechei os olhos, deixando a quentura da água quase queimar a minha pele. Então engasguei. Me curvei forte pra frente, esquivando minha cabeça da parede por pouco.

Tinha alguma coisa na minha garganta, não me deixava respirar, estava se mexendo lá dentro, uma aflição misturada com ansia me fez abrir os olhos com força, como se isso fosse expulsar o mal dentro de mim.

Lacrimejando olhei em volta, não consegui levantar meu olhar pra mais do que o rodapé. Vi pequenos lagartos marrons no chão de azulejos azuis, mas, bem pequenos mesmo, pareciam brinquedos. Como foram parar ali não importava agora, se eu não fizese nada talvez sufocaria naquele banheiro limpo de um lugar que eu não sei o nome, mas, o que poderia ser feito?

Agarrando a toalha me escorei no chão e de joelhos ainda tentava por pra fora o ar que insistia em não sair, contrações me faziam curvar ainda mais, meus braços tremiam e eu não conseguiria me sustentar por mais tempo, as forças foram sumindo lentamente, cada piscada ficava mais longa.

Numa última tosse desesperada, saiu devagar, era um lagartinho igual aos outros, só que agora morto. Inspirei o mais fundo que consegui, e, atônita olhei, com a visão embaçada pelas lágrimas, o que tinha acabado de sair de mim ... um bicho morto. Todos os outros que estavam no banheiro ficaram me olhando culposamente e na língua dos mini-lagartos gritaram em coro algumas vezes: "assassina".

Onde você estava nessa hora?

segunda-feira, dezembro 05, 2011

autocondescendencia 

sexta-feira, dezembro 02, 2011

-Você me preocupa e.....
-Foda-se.
Só olhamos mesmo quando olham pro lado,
de lado, olhando pra longe de nós,
e vemos cada detalhe do perfil, e só,
difícil detalhar se o foco está nos olhos,
mais ainda focar lá mesmo,
e segurar firme sem desviar,
pelo tempo necessario,
todo mundo sabe quanto é,
e sorrir com o olhar,
sem mais.

quarta-feira, novembro 30, 2011

Difícil é quando a gente não quer....quando quer fica fácil.

terça-feira, novembro 29, 2011

Oh dear!

Não que eu desenhe
corações com seu nome 
nos cantos das página.
Não.
Evito escrevê-lo
...o seu nome. 
Quase nunca te chamei
pelo nome, 
quem dirá denominar.
Chamei-o pelo olhar,
mas, se você não vê 
não tem como invocar
.... sabe? 
Aquilo de fazer presente, 
contar as horas pra chegar, 
e nas horas vagas
citar em seu favor
tudo que adoro falar,
por saber que é seu.
E assim,
suave e melancólico,
te evocar.

segunda-feira, novembro 28, 2011

PSFT

Lembra quando eu levava aquelas revistas de arte pra casa? Aquelas que vinham todas amassadas? Eu folheava no caminho de volta, marcava com uma dobra o canto de cada página que eu achava que você gostaria mais, e depois, mentia que já vieram assim....como se você não soubesse quando estou mentindo.

sexta-feira, novembro 25, 2011

tô num humor cheio de grude,
tudo me dá vontade de encostar.

quarta-feira, novembro 23, 2011

meu benzinho

São coisas à luz de velas,
daquelas bem clichês,
tipo melancolia de samba,
bom dia e boa tarde, boa noite, não,
por que, de noite já não é,
então, só dorme bem,
e deixa essa saudade que me dá,
pra longe de mim, deixa,
que eu desperto suspirando,
antes da música tocar.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Tuesday, May 29, 2007


não pense que te quero como casa
lar de vestígio, e dos poemas que rasguei
na minha casa não há espaço pra nada além do que se fez ocupar
não quero-te, bom dia,
café
cama feita.
e não quero-te, raso
pois nos meus versos não cabem mais verbos simplórios
palavra dita, banal.

não digamos nada.

quero-te apenas riso e defeito
brigas e gozo
coração, e o mundo todo dentro de um brilho no olho
que é pra saberes que de ti não espero nada além de apenas ser
apenas sentir,
apenas deixar

que é pra saberes
que ser amor me basta.
 
posted by marlboro and milk. at 6:17 AM 5 comments

quarta-feira, novembro 16, 2011

3

Eu te disse que essas coisas passam rápido. 
Fluem normalmente por aí sem nada de errado. 
Só parece mais uma página virada e quase nem percebo que virei umas dez. 
Depois que passa sempre dá a impressão que pasou rápido demais. 
Bem no finzinho da pra ver aquele volume de folhas frente e verso, com a escrita arrastada, notas de canto de página e setas pra todos os lados. 
Complementando os espaços já preenchidos.
Aquela necessidade de virar um rascunho pra sentir que é mais real.
A esperança de ter uma arte final....até rima de mau gosto.
Claro que daí vem denovo a mesma ladainha.
Toda magia é muito convidativa, mas, sangrar sempre me atraiu mais. 
Saber que de dentro dessas criaturas mágicas verte quente, pulsando, em jatos que chegam longe.... não soa obsceno?!
Mas, é só sangue, tem dentro de você também.

segunda-feira, novembro 14, 2011

adoro essas coisas que a gente esconde

domingo, novembro 13, 2011

Fico (re)pensando durante horas quando nem queria pensar, não tem mesmo como ser nada de mais? Sempre tem essa alguma coisa a perder, mas, quando se perde tudo já não sobra nada pra apostar, se for alto então, muito muito menos. Aí vem a derrota de apostar em consignação nas coisas que fogem de um controle que nem sequer existe. Todo inesperado, achei que até se baseava em algum sofrimento em vão por falta de integridade moral, hah, agora, esse futuro que poderia, uma segunda falta de qualquer coisa muito importante com todo o mundo... inclusive comigo, que me pego mentindo pros cantos das paredes enquanto me convenço do que deveria ser. Juro, que se eu tivesse um saco, ele daria uma pontada aguda de chute....agora.

releitura

Então ela abriu devagar a porta e caminhou até o centro da ante-sala, quer dizer, o que parecia uma ante-sala. Com o ouvido atento a qualquer um daqueles seus suspiros mais altos, nem percebeu à direita uma porta entre aberta e à esquerda uma arandela baixa ao lado de um vaso de flores grande, 
sem flores por sinal, mas, 
com certeza, não era só um vaso decorativo, 
não poderia ser 
....bom, 
poderia. 
Enfim, 
caminhou por um curto corredor e entrou na sala seguinte. Dava pra ver toda a casa dali, quase nenhuma divisão de ambientes, um aquario enorme no meio com peixinhos brilhantes, um piano ao fundo esquerdo.... não é preciso dizer que todo os detalhes daquela sala imensa foram totalmente esquecidos 
na hora 
em que colocou 
os olhos 
naqueles...
Então começou, 
parecia que já tinha até estado naquele lugar antes, de tanta empolgação, 
andou certeira pra cada gaveta e porta que abria. Demorou um tempo pra escolher o que queria realmente usar. Então, com a redinha de peixes, pegou varios por vez e os despejou, ajudando com as mãos, na jarra do liquidificador que tinha separado junto com alguns outros apetrechos. Girou o botão para a opção pulsar por um tempo, só pra saber se teriam consistência a mais por serem vivos 
... e, não é que tinham mesmo?! 
(pausa para mágica)
Liiiin,
de súbito 
largou o botão, 
esfregou os olhos e 
finalmente olhou de longe pro que estava fazendo. 
Não conseguiu entender muito bem, só sabia 
que alguma coisa deveria ser feita. 
Agarrou o liquidificador e saiu correndo para a porta em que tinha entrado, mas, o fio que ainda estava ligado na tomada prendeu na tampa do aquario que tombou violentamente no chão explodindo água, peixe e faiscas azuis. Paralisada, percebeu mais a frente o vaso da ante-sala, nem pensou duas vezes, jogou o suco de peixinhos lá dentro, deixou o liquidificador no chão e saiu. 
Sabia que talvez voltasse ali denovo, 
numa hora mais apropriada 
para uma conversa qualquer
com uma estranha qualquer 
e falar de alguma coisa que fica sem sal, aquele gosto de comida sem sal, que a gente nunca sente, mas, quando sente acha que falta algo e acaba colocando sal, talvez, nem seja sal o que falta e a gente nem saiba o nome.
...mas, não voltou, por que a casa pegou fogo!
Fico (re)pensando em tudo durante horas quando nem queria pensar em nada, não tem como ser simples, não tem como ser cumplice, não tem como ser nada de mais? Sempre tem essa historia de alguma coisa a perder, mas, quando se perde tudo, já não sobra nada pra apostar, se for alto muito menos hahaha bem alto pra afastar os concorrentes aposteiros então, muito muito menos. Aí vem a derrota de apostar em consignação e as coisas fogem do controle que nem sequer existe, e todo o "futuro" que achou-se que teria, que até se baseava em algum sofrimento em vão por falta de integridade moral, hah, agora, esse futuro que poderia, é uma segunda falta de integridade... com todos... inclusive comigo, que me pego mentindo pros cantos das paredes enquanto me convenço que deveria ser assim mesmo. Juro, que se eu tivesse um saco, ele daria uma pontada aguda de chute....agora.

quarta-feira, novembro 09, 2011

Deveria interpretar essas frases ou apenas entendê-las simples.
Na vaga interpretação, achou significados muito convidativos, mas, se for simplesmente pra acreditar no que é, provavelmente não quereria. Essa coisa de saber o que sentem ou deixam de sentir vinha um tanto complicada, mas, assumiu que procuraria saber o quanto fosse possível, mesmo que atribuisse um ar 
de perda 
de tempo 
a quase tudo
que existiu. 
Será que pensam antes? 
Será que treinam nos espelhos para saber?
Será que pensam em como pode ser interpretado? 
Será que vão acreditar piamente em cada palavra e todos os dentros vão sair pra fora de desgosto... a palavra é essa... e então achou, desgosto....não sabia se tendia a perder o gosto fisicamente ou psicologicamente, mas, com certeza tinha um bocado dos dois 
aí dentro da mistura. 
Hah! 


domingo, novembro 06, 2011

and then you winked at me

domingo, outubro 30, 2011

Nessas vezes, que tento ser o que já sei que posso, nada, nunca, vai de acordo com o plano. Isso se realmente tiver um, ou qualquer um, que possa me segurar por algum objetivo. Que seja, no mínimo, ser. Mas, não parece ter nenhum, por que, no momento que meu estômago dá um pulo forte, ao invés de sorrisos, crio demônios, e isso, me diz tudo que eu preciso saber.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Confissão

Desculpe-me a confusão, 
(e esse desculpe é realmente desses de tirar a culpa), 
sei que isso não se pede, 
mas, 
de repente, toda a vida que conhecia evaporou, 
minto, minto, 
não foi de repente, foi gradualmente, 
evaporando lento e triste, mas, 
uma vez vapor, as coisas foram rapidamente indo, 
uma seguindo a outra, 
sei que é assim mesmo, 
tudo se atropelando
e ... que seja, 
mas, na falta que sinto, 
nesse vazio árido, 
não sei encontrar,
nada,
o sol é muito forte, o chão é muito seco, 
tudo é quente e cheio de miragens,
e eu secando ali,
então, preciso de uma mão,
preciso,
uma mão que me guie para lá, 
pro lugar aonde vida exista, 
onde tenha água,
preciso de umidade,
de reflexo,
e essencialmente,
preciso que essa vida toda,
seja minha.
Segura aí, meu bem, por que acho que agora vai, e me segura forte aí, que na ilusão de ir já comecei a andar e fui, daqui a pouco já estou lá e nem saberei onde estava antes, por que, pro antes prefiro esquecer o caminho, não vou, não entro e não gosto, então, me segura mesmo, antes que você também comece a ir.
a vida é uma puta daí você morre

terça-feira, outubro 25, 2011

são dessas coisas sem pé nem cabeça, que ficam perdidas por aí, pedindo ajuda pra saber onde chegar, e, quando recebem, ouvem completamente errado e fogem pro outro lado rolando... já que não tem pé... nem cabeça... então, paro e me pergunto o por que, realmente, dessa coisa estranha passar aqui e pedir ajuda, quando percebo já tô rolando pra algum outro lugar.

quarta-feira, outubro 19, 2011

"Reza por mim, minha mãe, pois não transcender é um sacrifício, e transcender era antigamente o meu esforço humano de salvação, havia uma utilidade imediata em transcender. Transcender é uma transgressão. Mas ficar dentro do que é, isso exige que eu não tenha medo!
E vou ter que ficar dentro do que é."
"Era finalmente agora. Era simplesmente agora. Era assim: o país estava em onze horas da manhã. Superficialmente como um quintal que é verde, da mais delicada superficialidade. Verde, verde - verde é um quintal. Entre mim e o verde, a água do ar. A verde água do ar. Vejo tudo através de um copo cheio. Nada se ouve. No resto da casa a sombra está toda inchada. A superficialidade madura."
"Vê, meu amor, já estou perdendo a coragem de achar o que quer que eu tiver de achar, estou perdendo a coragem de me entregar ao caminho e já estou nos prometendo que nesse inferno acharei a esperança...

...E ao quê - num gozo sem esperança - eu já cedia, ah eu já queria ceder - ter experimentado já era o começo de um inferno de querer, querer, querer... A minha vontade de querer era mais forte do que minha vontade de salvação?"
" O grande castigo neutro da vida em geral é que ela de repente pode solapar uma vida; se não lhe for dada a força dela mesma, então ela rebenta como um dique rebenta - e vem pura, sem mistura nenhuma: puramente neutra. Aí estava o grande perigo: quando essa parte neutra de coisa não embebe uma vida pessoal, a vida vem toda puramente neutra"
" É uma metamorfose em que perco tudo que tinha, e o que eu tinha era eu - só tenho o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com os seus planetas e baratas."
" A esperança de quê? pela primeira vez eu me espantava de sentir que havia fundado toda uma esperança em vir a ser o que eu não era. A esperança - que outro nome dar? - que pela primeira vez eu iria abandonar, por coragem e por curiosidade mortal. A esperança, na minha vida anterior, teria se fundado numa verdade? Com espanto, eu agora duvidava."
"Uma rapacidade toda controlada me tomara, e por ser controlada ela era potência. Até então eu nunca fora dona de meus poderes - poderes que eu não entendia nem queria entender, mas a vida em mim os havia retido para que um dia enfim desabrochasse essa matéria desconhecida e feliz e inconsciente que era finalmente: eu! eu, o que quer que seja."

domingo, outubro 16, 2011

o céu se transformou em um teto almofadadado de umidade densa,
com botõezinhos de luz logo acima da minha cabeça,
amarelo, azul, rosa, laranja, verde, tudo em tons pasteis,
como se um gigante de luz usasse uma roupa muito fofa,
e estivesse deitado em cima da gente com o seu casaco úmido,
tentando desesperadamente sair dele e iluminar tudo,
nisso ele umidecia em volta e a cidade perdeu suas luzes pontuais,
tudo ficou difuso e lindo, nossa, ficou lindo mesmo.

sábado, outubro 15, 2011

Olhei,
diretamente
e me assombrei,
cruzei olhares por vezes,

continuava estático,
brilhando ao fundo,
bem ao fundo,
e na frente,

por que,
nisso se tinha
frente e verso
e fundo,

foi ai que me assombrei
e cruzei olhares
com o céu,
pra ter certeza,

refletia de um lugar?
tinha que ter
algum lugar,
mas, não, não tinha,

deixava a névoa,
simplesmente,
ir tomando conta,
transformando

tudo em ...

quarta-feira, outubro 12, 2011

Do you mind?
Great!
So shut the fuck up,
and be nice.

terça-feira, outubro 11, 2011

O que realmente incomoda, nessa falsa solidão, é essa sensação que passo, que eles tem esse poder de confiar plenamente em mim. Isso resguardo, assumo a responsabilidade de que serei deles um eterno confidente e finalizo com um muito obrigada. Por que, realmente me lisonjeio com a sinceridade sórdida, coragem alheia, cumplicidade secreta, ou, qualquer que seja o subjetivo adjetivado. Acolho com entusiasmo e guardo tudo como se fosse meu maior crime, as mentiras reveladas em lágrimas com risos. Mas, a recíproca não é (realmente) algo que seja dito e possa ser feito, pois, a cada vez que tento confidenciar fantasmas guardados eles saem voando depressa pelas janelas, portas e tudo mais em que se for possível passar. O melhor é, estou aprendendo a reconhecer, no brilho trêmulo dos olhos assim que as revelações vem à tona, quando falei demais. Por isso guardo aqui dentro, todas essas estórias que não posso contar somadas à todas as histórias que não devo contar.

segunda-feira, outubro 10, 2011

4

agora que percebi
escrevo,

como se continuasse
um assunto inacabado
que ninguem sabe,

por que
não comecei
do começo,
comecei
do meio,

pra não falar demais
sobre todas as coisas
latentes e ....

agora que percebi
sinto.

Então na dúvida me corroí levemente, mas, sei muito bem que, se realmente aguardasse por algo e isso acontecesse, não saberia o que fazer, como não soube até agora, é muito estranho a reciprocidade me assustar um tanto assim, como se na fuga desesperada do consentimento eu o espera-se mais do que nunca, isso que não chamo pelo nome de Meu por que é Seu.

domingo, outubro 09, 2011

















sabe ... acho o medo lindo.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Sometimes (I wish)

Sometimes I wonder why
I'm so full of these endless rhymes
About the way I feel inside
I wish...
Sometimes...

quinta-feira, outubro 06, 2011

sentir me basta...
o foda é ter essa puta necessidade de falar.
Não é que eu esteja
procurando algo 
pra enquadrar 
e chamar pelo nome, 
apenas quero reconhecer 
um olhar que siga 
em linha reta,
com sorrisinhos
de canto de boca
que faz desviar,
pensar duas vezes,
e sair andando reto
de novo.

quarta-feira, outubro 05, 2011

acaba nessa falta de cor,
com uma cumplicidade,
incomum e subentendida,
não preciso perguntar,
nem responder nada,
fico parada vagando,
na sua inocencia obscura,
sinceramente sorrindo,
aqui dentro de mim,
ai dentro de você.

sexta-feira, setembro 30, 2011

seguindo com os olhos

gosto do cinza,
do ar de melancolia,
da falta de coragem,
do guardado por imperfeição,
ou puro perfeccionismo,

me parece tão bonito,
tão real e paupável,
suspirável e engolível,
esse cinza que me preenche,
me esvazia logo em seguida,

e eu duvido...

respiro e reparo,
suspiro e amparo,
retiro e faro,
não é uma porta
em que se entra ou sai,

é apenas estar,
e eu estou
na delícia de doer,
quando olho você indo,
e você não me vê.

segunda-feira, setembro 26, 2011

dor nas costas

quebrei a janela
rearranjando os móveis
de um jeito que nunca esteve,
pra ver se paro de lembrar
de como eram antes,
mas agora, infelizmente,
não paro de pensar
na janela quebrada.

sexta-feira, setembro 23, 2011


é aí que deparo com,
a tentativa histérica,
de preencher algo
que não está vazio.

quinta-feira, setembro 22, 2011

O pior eh que me dá uma vontade de falar de comunicar de conversar de discursar de exprimir de orar de contar de descrever de narrar de recontar de relatar de clicar de perguntar de demandar de inquirir de interrogar de saber de alcançar de compreender de conhecer de depreender de entender de infeir de perceber de viver de existir de substituir de chamar de invocar de pedir de esmolar de implorar de mendigar de obsecrar de pirangar de postular de rogar de suplicar de lamber de engolir de devorar de tragar de gritar de berrar de bradar de clamar de conclamar de ulular de vociferar de vozear de chorar de choramingar de lacrimejar de prantear de abraçar de admitir de adotar de aproximar de circundar de compreender de conter de enlaçar de esposar de incluir de juntar de professar de seguir de unir de envergonhar de acabrunhar de acanhar de afrontar de aviltar de confundir de encabular de encalistrar de encavacar de anjambrar de humilhar de vexar de desprezar de aviltar de depreciar de desconsiderar de desdenhar de monoscabar de preterir de rebaixar de reescrever de apagar de extinguir de repensar de repesar de imortalizar de eternizar de perpetuar de mancomunar de acumpliciar de ajustar de contratar de convencionar de descompor de acometer de desfeitar de doestar de injuriar de invectivar de ofender de provocar de ultrajar de vitupear de espinafrar de insultar de desmoralizar de ralhar de repelir de repreender de ridicularizar de xingar de amar de gostar de apaixonar e de me esconder.
Fico rolando na cama 
durante horas antes de dormir 
e horas antes de acordar

terça-feira, setembro 20, 2011

tento fugir de mim para reviver o que nunca esteve na memória,
me transporto para um passado dissolvido no inventado,
reconstruo o que quero de volta ao pé do ouvido,
o tempo está parado no momento há anos,
você sai denovo pela minha porta,
e eu tenho tanto medo,

"Perder-se também é caminho."

PASMO

Não digamos nada,
por que o som da voz
quero de olhos fechados,

nos olhares, me estranho, mas,
se devem constrangedores, pra notar
que o impreciso é prazer do riso guardado,

no impulso calo, aguardo, parece vago, mas,
é de certo um carregado que não deixa claro,
o anseio da aflição incerta é evidente,

não existe e mesmo assim me basta,
em suspiros, palavras sinceras,
e gargalhadas famintas,

de desconcerto.

segunda-feira, setembro 19, 2011

Repito em voz alta que não é real, que não é nada para se preocupar e que será como sempre, com horas a mais na cama, com refeições e quilos perdidos, com alguma olheira visivel de longe.

domingo, setembro 18, 2011

extended version

Com uma falta absurda de ar,
não sorriram em retorno hoje,
nenhum reflexo que possa,
ser digno de ser entitulado como,
continuei andando pelo menos,
minuciosamente calculando passos,
a rouquidão da voz...
a pressão no peito...
o tintilar leve entre os suspiros,
traguei um choro forçado,
como uma nevoa densa,
na cor dos teus olhos,
a música ininterrupta ao infinito,
até a exaustão revelar,
indiscretamente,
uma encruzilhada deixada para trás,
onde perdi de vista,
o zelo e brio.
Eu aumento o volume e meus pés começam a seguir o ritmo, fecho meus olhos e prendo a respiração, então consigo ver você me vendo

ombros

é simples assim, você vai faz denovo e pronto, então resta aquela poeira no ar, cheia de dúvidas e promiscuidade.
Assim se afastava e olhava bem de longe,
percebendo as marcas de expressão se esvaindo,
deixando sombras, as sobras relutantes,
a saudade de um lugar que não existe mais,
ou apenas muita química no sangue,
o que lhe pareceu convidativo, com certeza,
eu convidaria, risadas compradas, por que não,
então voltou a si com a dor presa no peito,
incapacidade ou excesso de iniciativa,
estava ao lado, como antes, como depois,
e mesmo que pareça certo, talvez não esteja,
mas, tem que doer muito até passar de vez.

sinto, sim.

sexta-feira, setembro 16, 2011

"E foi tão corpo que foi puro espírito".

Samba do Soho

"Quem não sabe o que é saudade
não conhece esse dilema
não provou desse veneno
nunca teve uma morena

Ah meu deus que bom
te encontrar nessa cidade
quando dobro a esquina
dou de cara com a saudade"


domingo, setembro 04, 2011

[ Friedrich Nietzsche ]

Inconscientemente buscamos os princípios e as teorias adequados ao nosso temperamento, de modo que afinal aparece que esses princípios e teorias criaram o nosso caráter, deram-lhe firmeza e segurança: quando aconteceu justamente o contrário. O nosso pensamento e julgamento, assim parece, é transformado posteriormente em causa de nosso ser: mas na realidade é nosso ser a causa de pensarmos e julgarmos desse ou daquele modo. - E o que nos induz a essa comédia quase inconsciente? A indolência e a comodidade, e também o desejo vaidoso de ser considerado inteiramente consistente, uniforme no ser e no pensar: pois isso conquista respeito, empresta confiança e poder.

segunda-feira, agosto 29, 2011

a cor de uma dor que não passa...

"Mas devagar, irresistivelmente, posso senti-la começando a dissolver-se na falsidade nebulosa da memória. Foi por isso que resolvi escrevê-la, embora ao fazer isso soubesse que só consegui falsificá-la de uma outra forma, mais artística.

Imagino se toda experiência pode mesmo ser destilada até restarem alguns poucos momentos extraordinários, talvez seis ou sete deles, concedidos a nós durante a vida inteira, e qualquer tentativa de fazer uma conexão entre eles é fútil."

quarta-feira, agosto 24, 2011

Ela não deveria revelar suas orações escondidas e percebia a cada palavra, soando pesadamente, mesmo assim não conseguia controlar o fluxo que dava voltas em assuntos inexistentes.

Para oferecer algum tipo de esconderijo, ou algo que se transformasse em uma suavidade a mais, se projetava numa repulsa aparente, mais por não querer ser um ponto de fuga do que a existencia de um asco qualquer.

Então as palavras se desconectaram e nada mais sobrou para falar, na tentativa de parecer coerente percebeu pela primeira vez que nada ali a completaria por mais que ousasse.

A atenção se perdeu e ela se prendeu em alguns us das frases, sem perceber deixou ir o enquanto sem nenhuma reação momentanea, e, descobriria depois, que não haveria nenhuma reação nunca.

domingo, agosto 14, 2011

shhh ... don't tell anyone.







segunda-feira, junho 13, 2011

southern sky


Era uma manhã fria com um céu azul limpo e esbranquiçado, daqueles que você sabe que na sombra fará frio. Todas as pessoas na rua carregavam os seu casacos e usavam óculos escuros, não tinha sol propriamente dito, mas, a claridade realmente incomodava e a essa altura já me arrependia de ter deixado os óculos no criado mudo ao lado da cama.

Lembro-me perfeitamente das lentes viradas para baixo com desleixo, no meio de algumas folhas amareladas e secas do lírio morrendo no vaso. A vontade de fazer algo era tão pouca que até a planta me esquecera de molhar e das 14 flores apenas 3 brotaram e as folhas já caídas combinavam com botões agora murchos e escurecidos.

De qualquer jeito ainda tinha muito parar andar e não deveria agora pensar sobre as pendências cada vez maiores na minha rotina forçada. Conseguia resolver tudo ao mesmo tempo pela manhã, mas eu só queria ficar estática na minha cama, abrindo os olhos de tantos em tanto minutos apenas para perceber que a cor do dia já mudará para um azulado quente indicando que eu já deveria ter me levantado há horas e era isso que eu fazia há algum tempo, o que obviamente fazia meu dia ser absurdamente corrido, com algumas pausa para engolir qualquer coisa que me fizesse não ter uma imensa dor de cabeça no fim da tarde.

Por mais descansada que estivesse parecia que minhas pernas tinham um peso gigante, como se eu não as utiliza-se a dias, semanas quem sabe e meus passos eram penosos, a ponto de meu poder de distração com a paisagem ser impossibilitado pelo imenso cansaço de repetidamente ter que me distrair. Poucos pensamentos passavam pela minha cabeça na hora e uns dos únicos que permaneceram após a caminhada árdua era se a minha capacidade de me distrair com coisas simples ainda existia.

Me deu uma saudade intensa dos meus passeios descompromissados em bosques vizinhos, espaços pequenos embaixo de árvores, cafés, museus, cinemas de arte isolados, lugares que eu sabia que nunca encontraria ninguém conhecido e que provavelmente ninguém gostaria de me conhecer, e nisso eu passava horas sozinha conversando com meu cachorro e obtendo respostas consideráveis sobre como as coisas podem ser bem mais calmas e passíveis.

Durante todo o caminho a sensação de uma falsa melancolia me dominava quase por completo, falsa, por que eu tinha a certeza quase palpável de que não existia motivo nenhum para ela acontecer ou se manifestar por razões externas.

Não sei se dias de outono me deixam assim mesmo, enfim, o fato é que meus 20 cigarros diários acabam lá pelo fim do dia me forçando a comprar mais vinte ao voltar parar a casa pelo mesmo caminho que conheço perfeitamente, mas que cada dia mais tem se mostrado invisível, como se eu pegasse um túnel de volta pra casa e não me importasse mais com quase nada externo a mim. Tanto em minha parte racional quanto emocional o classifico como ruim, mas eu não ligo mais ... nem pra isso.


domingo, abril 10, 2011

A casa do sono, Jonathan Coe

"Aquela foi a discução final deles, isso estava bem claro. Mas, embora ele a estivesse prevendo havia dias, talvez até semanas, nada podia acalmar a maré de raiva e ressentimento que agora crescia dentro dele. Ele estivera no caminho errado, e se recusara a admitir isso. Todos os argumentos que ele tentara desenvolver, todas as tentativas de ser conciliador e sensato, foram distorcidos, retorcidos e jogados de volta contra ele."

(Página 1)

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

e você continua ali




e as suas nuances se perdem na minha loucura,
e na minha intensa reação, troco tudo isso
por um, dois, três socos na parede,

acho que três é um número bom, eu diria,
pouco e suficiente pra sentir a dor
que se faz perceber no "eeeee já"

na dor eu paro e me desculpo,
depois de uns minutos de lagrimas em vão,
e aí começa tudo de novo.