Então ela abriu devagar a porta e
caminhou até o centro da ante-sala, quer dizer, o que parecia uma
ante-sala. Com o ouvido atento a qualquer um daqueles seus suspiros mais
altos, nem percebeu à direita uma porta entre aberta e à esquerda uma
arandela baixa ao lado de um vaso de flores grande,
sem flores por sinal, mas,
com certeza, não era só um vaso decorativo,
não poderia ser
....bom,
poderia.
Enfim,
caminhou
por um curto corredor e entrou na sala seguinte. Dava pra ver toda a
casa dali, quase nenhuma divisão de ambientes, um aquario enorme no meio com peixinhos brilhantes, um piano ao fundo esquerdo.... não é
preciso dizer que todo os detalhes daquela sala imensa foram totalmente
esquecidos
na hora
em que colocou
os olhos
naqueles...
Então começou,
parecia que já tinha até estado naquele lugar antes, de tanta empolgação,
andou
certeira pra cada gaveta e porta que abria. Demorou um tempo pra
escolher o que queria realmente usar. Então, com a redinha de peixes,
pegou varios por vez e os despejou, ajudando com as mãos, na jarra do
liquidificador que tinha separado junto com alguns outros apetrechos.
Girou o botão para a opção pulsar por um tempo, só pra saber se teriam
consistência a mais por serem vivos
... e, não é que tinham mesmo?!
(pausa para mágica)
Liiiin,
Liiiin,
de súbito
largou o botão,
esfregou os olhos e
finalmente olhou de longe pro que estava fazendo.
Não conseguiu entender muito bem, só sabia
que alguma coisa deveria ser feita.
Agarrou
o liquidificador e saiu correndo para a porta em que tinha entrado,
mas, o fio que ainda estava ligado na tomada prendeu na tampa do aquario
que tombou violentamente no chão explodindo água, peixe e faiscas azuis.
Paralisada, percebeu mais a frente o vaso da ante-sala, nem pensou duas
vezes, jogou o suco de peixinhos lá dentro, deixou o liquidificador no
chão e saiu.
Sabia que talvez voltasse ali denovo,
numa hora mais apropriada
para uma conversa qualquer
com uma estranha qualquer
com uma estranha qualquer
e
falar de alguma coisa que fica sem sal, aquele gosto de comida sem sal,
que a gente nunca sente, mas, quando sente acha que falta algo e acaba
colocando sal, talvez, nem seja sal o que falta e a gente nem saiba o
nome.
...mas, não voltou, por que a casa pegou fogo!
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