domingo, novembro 13, 2011

releitura

Então ela abriu devagar a porta e caminhou até o centro da ante-sala, quer dizer, o que parecia uma ante-sala. Com o ouvido atento a qualquer um daqueles seus suspiros mais altos, nem percebeu à direita uma porta entre aberta e à esquerda uma arandela baixa ao lado de um vaso de flores grande, 
sem flores por sinal, mas, 
com certeza, não era só um vaso decorativo, 
não poderia ser 
....bom, 
poderia. 
Enfim, 
caminhou por um curto corredor e entrou na sala seguinte. Dava pra ver toda a casa dali, quase nenhuma divisão de ambientes, um aquario enorme no meio com peixinhos brilhantes, um piano ao fundo esquerdo.... não é preciso dizer que todo os detalhes daquela sala imensa foram totalmente esquecidos 
na hora 
em que colocou 
os olhos 
naqueles...
Então começou, 
parecia que já tinha até estado naquele lugar antes, de tanta empolgação, 
andou certeira pra cada gaveta e porta que abria. Demorou um tempo pra escolher o que queria realmente usar. Então, com a redinha de peixes, pegou varios por vez e os despejou, ajudando com as mãos, na jarra do liquidificador que tinha separado junto com alguns outros apetrechos. Girou o botão para a opção pulsar por um tempo, só pra saber se teriam consistência a mais por serem vivos 
... e, não é que tinham mesmo?! 
(pausa para mágica)
Liiiin,
de súbito 
largou o botão, 
esfregou os olhos e 
finalmente olhou de longe pro que estava fazendo. 
Não conseguiu entender muito bem, só sabia 
que alguma coisa deveria ser feita. 
Agarrou o liquidificador e saiu correndo para a porta em que tinha entrado, mas, o fio que ainda estava ligado na tomada prendeu na tampa do aquario que tombou violentamente no chão explodindo água, peixe e faiscas azuis. Paralisada, percebeu mais a frente o vaso da ante-sala, nem pensou duas vezes, jogou o suco de peixinhos lá dentro, deixou o liquidificador no chão e saiu. 
Sabia que talvez voltasse ali denovo, 
numa hora mais apropriada 
para uma conversa qualquer
com uma estranha qualquer 
e falar de alguma coisa que fica sem sal, aquele gosto de comida sem sal, que a gente nunca sente, mas, quando sente acha que falta algo e acaba colocando sal, talvez, nem seja sal o que falta e a gente nem saiba o nome.
...mas, não voltou, por que a casa pegou fogo!

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