sexta-feira, dezembro 23, 2016

Torpe

E pulsam as têmporas, o coração desacelera e eu não consigo mais focar, o sono some, volta, dá voltas em mim, eu desço as escadas no escuro, abro a porta de trás, acendo dois cigarros na sequência, mando notícias pra uma amiga, espero pacientemente o sono voltar, afinal, é férias quase, quase.... Quase voltei 10 anos no tempo.

quinta-feira, dezembro 01, 2016

Shh

E aos poucos vou rompendo todos os laços... Devagar... Em silêncio... Diminuindo expectativas... Aprendendo a guardar as coisas que batem violentamente pra sair de dentro do peito.

quarta-feira, novembro 30, 2016

Abandono

"É só a merda do ciclo de novo" ele disse tentando se convencer que, ao ter passado por isso várias vezes, conseguiria prever o que estava por vir. E então o despertador não foi ouvido, suas horas na cama se estenderam mais uma vez e o sono não pareceu tão bom como de costume. O água do banho desceu por seus cabelos como se passasse por cima de um machucado recém cicatrizado, estava tudo meio amortecido, banho quente...talvez não tenha sido essa a melhor escolha. A comida se embolou na boca e desceu travando. Levantou-se calmamente antes de qualquer outro na mesa, colocou seu prato na pia, deixou tudo como estava e saiu da cozinha tentando não fazer ecoar os passos pesados. Começara de novo então, tudo sem cor, sem gosto, horas a fio tentando sentir o vento no rosto, sem sucesso nenhum. Percebeu que o amortecido não se fazia só no calor e isso o fez estremecer levemente na ponta dos pés. Pensou que as horas voavam junto com o vento, mas quando viu se passaram só 20 minutos. Aquela sensação de que não conseguiria chorar pra aliviar um pouco o peso... um dia todo pela frente.

domingo, outubro 30, 2016

JR

O que poderia ser mais interessante do algo que está pré definido para não acontecer. Algo prestes a explodir. Uma coisa que dá um leve ar de pisar em ovos ao mesmo tempo que traz um grande foda-se ao centro da mesa. Alguns olhares, algumas gentilezas, algum "conte me mais sobre isso, querido." E então pronto.

quarta-feira, setembro 14, 2016

Cliche

Hoje tive um sonho estranho... Fui visitar um conhecido no caminho para a praia, parei por lá e acabei ficando uns dias. Tinha família, mãe, pai, tios, bebês, primos e todo mundo me tratava de um jeito peculiar. Meus pais foram comigo, mas acabavam saindo bastante com a família. Enfim entendi mais ou menos o clima, estava sempre tentando ficar sozinha, mas, sempre aparecia alguém de repente, daí eu saia de canto arrumando as roupas, as pessoas fingiam que não percebiam. Me deu saudade de algo que eu nunca vivi.

quinta-feira, julho 07, 2016

Quando eu tinha 15 anos

Uma vez fui com a melhor amiga da adolescência dar uma volta pelo bairro em que ela morava. Levamos conosco uma touca cada uma, e duas camisetas tamanho G de alguma banda de metal, o que ficava bem grande em meninas magrelas de 15 anos. Fomos andando em direção ao centro da cidade e colocamos nosso disfarce. Começamos a caminhada de um jeito meio estranho tentando imitar meninos e de repente tirávamos a camisetona de cima da nossa roupa normal e o cabelo de dentro da toca , nos "revelando" então como duas meninas estranhas e bobas, que começavam e rir sem parar e corriam saltitando para sua próxima performance algumas ruas de distância. Não sei bem o que isso significa, mas depois desse dia começamos a nos fantasiar de esteriótipos e sair andando por aí, só pra ver como as pessoas reagiam.

domingo, abril 17, 2016

Loucura

Então estava eu na porta da sua casa,
de novo, de noite e um nó na garganta,
da parte escura que a árvore fazia na rua
eu ligava e ouvia seu telefone lá dentro,
e por vezes eu não tive ar, tanto que...
escrevi 37 cartas pra você...
todas diziam a mesma coisa,
hora com rabiscos puxados,
hora com curvinhas nas sobras,
Uma eu entreguei pro seu porteiro,
disse que não sabia o apartamento,
mas, sabia o seu nome e ele te conhecia.
Fui embora. Não sei se ele leu.

terça-feira, abril 12, 2016

tem dias que qualquer: obrigado pelo convite, mas... faz com que meu tchau saia atravessado

domingo, abril 03, 2016

Tinha um sapinho morto no meu quarto hoje. Parecia que tinha morrido há algum tempo, as pernas compridas esticadas e imóveis, um corpinho bem pequeno redondo ressecado. olhei bem de perto enterrei na minha floreira em baixo da janela.

sexta-feira, abril 01, 2016

Um monte de choro escondido em pequenos versos, poemas inteiros, livros antigos com recado nos cantos das páginas, músicas em Ré, cheiro de chuva, cachorrinhos dormindo.... meu coração dando pulos, soluços, desesperadamente se opondo, a minha vontade de não existir vai com o vento da tempestade anunciada que invade meu quarto, meus ouvidos, meus arrepios e calafrios de medo que dá nas solas dos pés.