sábado, outubro 31, 2015

6:11

Pela primeira vez tive dó.
Respirei fundo, decidi os proximos atos e então, certeira, taquei o resto da garrafa de alcool na barata de 5 cm que tentava saber que lugar claro, liso e rosa era aquele banheiro que ela estava.
Em desespero, ela escorregava tentando sair da pia, sem êxito.
Todas as perninhas esperniando o ressecamento entorno.
O cachorro pulava em mim por sentir. nervoso que eu exalava e o nervosismo aumentando e a barata meio tonta finalmente saindo da pia.
Exitei ao fechar a porta quando vi que ela não conseguiria voar, que estava indo pra longe de nós, um tanto quanto obvio se pararmos pra pensar que é apenas um animal fugindo da morte, com medo, repleta de cheiros e barulhos de ódio e nojo.... e dó.
Não aquela dó querendo dizer compaixão.
Dó mesmo, me sentindo superior, com a decisão na mão, vendo o bicho morrer lentamente,  e sabendo que a quantidade de alcool não seria o suficiente pra uma barata daquele tamanho.
E a irmã guinchando ao fundo.. e eu disse logo um shiiiiiiiiu, mas, a mãe já acodou.
Olhando com pesar então,  jogo mais um gole do resto de algo ao alcance, que lembrei que levava álcool na composição e insuficiente de novo.
A mãe foi buscar mais álcool.... eu sabia que podia matá-la mais rápido, agora que não tinha mais medo de olhar a morte, de chegar perto de algo morrendo e ter a certeza que não vai atacar de volta... ou tentar fugir...ela estava sufocando, não é mesmo?
Eu podia matar e não matei.  Podia acabar com o sofrimento naquele instante, mas, não  fiz. Fiquei com dó pelo desespero.. e por saber que não mataria de outro jeito, não, seria lentamente. Olhando.
Brrrr calafrios tardios agora.
Bom, no fim joguei o suficiente e então ela morreu nessa ultima tentativa, quase instantaneamente.
E eu fiquei olhando, não peguei o cadáver, não vou pegar e ninguém pegou.

domingo, outubro 18, 2015

05:03

Vou sentindo que cada ato sai errado...
O tempo desencontrando nas falas...Essa saudade de você que não passa...Chuto com força as paredes de dentro do meu peito só pra ver se aperta menos.... mas, dai aperta mais e eu sinto que nunca serei tão feliz quanto.

quarta-feira, setembro 30, 2015

Ponteiros

ontem a noite eu pensei em um monte de frases de efeito para jogar aqui, todas soltas, e ir organizando racionalmente conforme o pensamento do dia que eu estou agora, estavam claras, muitas até faziam sentido entre si, mas, a conexão que tem nessas coisas eletrônicas não serve pra criatividade espontânea, deveria, mas não, a gente só fica lá perdendo o tempo, vendo ele passar por um contador no canto da tela, as horas indo como se tivessde um relogio bem grande na sua frente, daqueles que não param o ponteiro nos segundos, e, antes de você conseguir contar 59, o ponteiro já está no 3 de novo.

Talvez eu tenha algum ataque cardiaco mais pra frente
e melhor evitar cada vez mais os momentos emocionantes,
vai que numa dessas fotos antigas eu me perco,
entro nas portas e janelas da paisagem ao fundo
e fico lá relembrando como a gente era
quando estava de costas, olhando pra câmera.

terça-feira, agosto 25, 2015

A paixão vem fácil entre os soluços que lembrar da dor faz,
vou tirando as casquinhas dos machucados quase cicatriz.
o coração já aberto e o olhar fixo em você,
desvio e rio pro chão, balanço a cabeça em não,
as coisas começam a rimar e daí ... já foi.


Li em algum lugar: "como a dor de terminar com alguém que você ainda ama". Não foi um texto sobre isso, foi só essa frase, e despertou a luzinha do cliche no meu coração. Daí que luz dentro do coração dói por que lá é sempre tão escuro e cheio de sangue, pulsações ritmadas não estão acostumadas com o calor que dá ser iluminado. Essas luzinhas são é pra se ter na cabeça, que já tá cheio de lâmpadinhas de idéias, sabe?

sexta-feira, julho 17, 2015

Fim de sexta

As vezes eu queria dormir até a epoca em que eu já fiz tudo o que tinha pra fazer nessa vida e apenas lembro de poucos momentos marcantes da juventude, sem reconhecer mais ninguém, com a memória revivendo todos os dias passados como se tivesse acabado de acontecer.

E outras vezes eu queria só acordar e perceber que isso que eu vivo ainda não existiu e eu ainda tenho todo tempo do mundo pra viver tudo de novo pela primeira vez.

Essa mania que tenho de me isentar o presente, minha nossa, a minha própria vida normalmente não é a que estou vivendo.

sábado, julho 04, 2015

Mês de agosto

Eu avisava e ele de pronto respondia:
- pai, a blusa tá do avesso...
- é pra espantar cachorro louco.

sexta-feira, julho 03, 2015

Quinta nublada

O barulho da rua entrou pela janela,
Entre vozes se misturando com as gravações,
Com a musica tocando no andar de cima,
Ouço os pés pousando no chão,
Sinto a vibração dos passos dentro do peito,
Os olhos vão lentamente forçando abrir,
Quando fecham de vez me pego sonhando,
Com o que está aqui fora ecoando por dentro.

Sonho de vento

Sonhei que estava de férias num campo, o terreno era formado por vários níveis, caminhos de terra dividiam o gramado, interligando os casarões espaçados. Eu me via, passando ao fundo, por cima dos ombros de uns meninos que me olhavam de uma colina próxima, sentados embaixo de uma árvore com o vento vindo de trás deles em minha direção. Dava pra perceber que o eu lá longe ouvia tudo que eles falavam, mas, isso eu só sentia, porque eu mesmo não consegui ouvir nada.

Guardei no armário um copo usado,
No fundo dele os restos de suco de maracujá,
E seu cheiro misturado à madeira,
Me trouxe uma lembrança de infância,
Cheiro de doce guardado no fundo do armazém,
A luz palida entrando pelas portas da frente,
O ar parado e frio da esquina de casa,
A poeira subindo lentamente com os passos pesados da avó,
Entre os caixotes a serem organizados num canto,
Na lembranca de algo que nunca vivi.

quinta-feira, julho 02, 2015

...queria que minha casa fosse inteira cama e eu pudesse rolar por aí sem me levantar.

quinta-feira, maio 28, 2015

" Agora o verão  se foi
E poderia não ter vindo
No sol está quente,
Mas tem de haver mais.

Tudo aconteceu,
Tudo caiu em minhas mãos.
Como uma folha de cinco pontas
Mas tem de haver mais.

Nada de mau de perdeu,
Nada de bom foi em vão....
Uma luz clara ulumina tudo
Mas tem de haver mais.

A vida me recolheu,
À segurança de suas asas.
Minha sorte nunca falhou,
Mas tem de haver mais.

Nem uma folha queimada,
Nem um graveto partido.
Claro como um vidro é o dia...
Mas tem de haver mais."

Arseni Tarkovsky

sexta-feira, abril 24, 2015

Pensando em como sempre são 4 da manhã.
há algumas semanas me deparei com um medo,
que não sentia faz três anos de tempo,
e o jeito de ser me fez agir,
como sempre em situações de pânico,
com a velha e boa cordialidade,
falsa intimidade e sorrisos excessivos,
me parece que essa fórmula,
funciona toda vez,
daí, eu fujo.
Estou ha dois dias sem comer, não sem comer nada, mas sem vontade de comer. Preocupada com as dores de cabeça que a falta de comida sempre me causa, acabei com meio litro de leite e o resto da caixa se sucrilhos em porções esporádicas entre uma soneca e outra. Falando em soneca também fiquei sem dormir, as únicas horas de descanso se passaram entre, filmes que já vi e o trocar de lado no sofá, os olhos pesados focando aquela parte que você até já sabe a próxima fala, e então, mais meia hora de suspiros profundos.

terça-feira, janeiro 20, 2015

:OH FUCK

E, ao dirigir muitas horas noturnas na estrada vazia, me veio uma visão. Entre as nuvens pesadas e escuras no horizonte, apareciam mais de perto os avisos de uma tempestade por vir, os trovões silenciosos brilhavam o céu entre um azul ofuscante e um rosa escuro avermelhado, era preciso cerrar de leve os olhos para ver a mudança entre as duas cores. Sem que fosse notado, um sol pálido surgiu entre o canto da janela esquerda e o retrovisor, estranhamente não tinha raio nenhum, era simples um circulo, com o perfeito contorno visível, de luz difusa entre as neblina rala pré tormenta que cobria o amanhecer do dia. Aquilo me tirou todo o foco da chuva que começava a cair ao longe na estrada, chegando rapido a meu encontro, quando menos vi chovia pavorosamente uma leva de granizo, o calor abafado do verão entrava pelas frestas abertas da janela do carro com o início da chuva, o sol se escondeu de novo entre os barulhos que agora atordoavam dentro do carro. O amanhecer escureceu, e dirigi pela noite por mais duas horas.
E te veio a certeza de que eu era só pra olhar, só olhar de longe, enquanto eu me remexia em caras e bocas para você, que sentado no pequeno sofá da sala só olhava.  Simplesmente eu podia fazer o que quisesse, mas, preferia ficar ali, também olhando entre os cabelos que me cobriam o rosto de permeio à uma pose ou outra, os cabelos pretos e compridos emaranhando a vontade de esperar fazer o que fosse comigo. Você só olhava e eu fingia que não sabia fazer nada, eu fingia muito bem e você realmente não sabia o que fazer, afinal, duas pessoas submissas não formam nada mais que uma vitrine.