sexta-feira, setembro 30, 2011

seguindo com os olhos

gosto do cinza,
do ar de melancolia,
da falta de coragem,
do guardado por imperfeição,
ou puro perfeccionismo,

me parece tão bonito,
tão real e paupável,
suspirável e engolível,
esse cinza que me preenche,
me esvazia logo em seguida,

e eu duvido...

respiro e reparo,
suspiro e amparo,
retiro e faro,
não é uma porta
em que se entra ou sai,

é apenas estar,
e eu estou
na delícia de doer,
quando olho você indo,
e você não me vê.

segunda-feira, setembro 26, 2011

dor nas costas

quebrei a janela
rearranjando os móveis
de um jeito que nunca esteve,
pra ver se paro de lembrar
de como eram antes,
mas agora, infelizmente,
não paro de pensar
na janela quebrada.

sexta-feira, setembro 23, 2011


é aí que deparo com,
a tentativa histérica,
de preencher algo
que não está vazio.

quinta-feira, setembro 22, 2011

O pior eh que me dá uma vontade de falar de comunicar de conversar de discursar de exprimir de orar de contar de descrever de narrar de recontar de relatar de clicar de perguntar de demandar de inquirir de interrogar de saber de alcançar de compreender de conhecer de depreender de entender de infeir de perceber de viver de existir de substituir de chamar de invocar de pedir de esmolar de implorar de mendigar de obsecrar de pirangar de postular de rogar de suplicar de lamber de engolir de devorar de tragar de gritar de berrar de bradar de clamar de conclamar de ulular de vociferar de vozear de chorar de choramingar de lacrimejar de prantear de abraçar de admitir de adotar de aproximar de circundar de compreender de conter de enlaçar de esposar de incluir de juntar de professar de seguir de unir de envergonhar de acabrunhar de acanhar de afrontar de aviltar de confundir de encabular de encalistrar de encavacar de anjambrar de humilhar de vexar de desprezar de aviltar de depreciar de desconsiderar de desdenhar de monoscabar de preterir de rebaixar de reescrever de apagar de extinguir de repensar de repesar de imortalizar de eternizar de perpetuar de mancomunar de acumpliciar de ajustar de contratar de convencionar de descompor de acometer de desfeitar de doestar de injuriar de invectivar de ofender de provocar de ultrajar de vitupear de espinafrar de insultar de desmoralizar de ralhar de repelir de repreender de ridicularizar de xingar de amar de gostar de apaixonar e de me esconder.
Fico rolando na cama 
durante horas antes de dormir 
e horas antes de acordar

terça-feira, setembro 20, 2011

tento fugir de mim para reviver o que nunca esteve na memória,
me transporto para um passado dissolvido no inventado,
reconstruo o que quero de volta ao pé do ouvido,
o tempo está parado no momento há anos,
você sai denovo pela minha porta,
e eu tenho tanto medo,

"Perder-se também é caminho."

PASMO

Não digamos nada,
por que o som da voz
quero de olhos fechados,

nos olhares, me estranho, mas,
se devem constrangedores, pra notar
que o impreciso é prazer do riso guardado,

no impulso calo, aguardo, parece vago, mas,
é de certo um carregado que não deixa claro,
o anseio da aflição incerta é evidente,

não existe e mesmo assim me basta,
em suspiros, palavras sinceras,
e gargalhadas famintas,

de desconcerto.

segunda-feira, setembro 19, 2011

Repito em voz alta que não é real, que não é nada para se preocupar e que será como sempre, com horas a mais na cama, com refeições e quilos perdidos, com alguma olheira visivel de longe.

domingo, setembro 18, 2011

extended version

Com uma falta absurda de ar,
não sorriram em retorno hoje,
nenhum reflexo que possa,
ser digno de ser entitulado como,
continuei andando pelo menos,
minuciosamente calculando passos,
a rouquidão da voz...
a pressão no peito...
o tintilar leve entre os suspiros,
traguei um choro forçado,
como uma nevoa densa,
na cor dos teus olhos,
a música ininterrupta ao infinito,
até a exaustão revelar,
indiscretamente,
uma encruzilhada deixada para trás,
onde perdi de vista,
o zelo e brio.
Eu aumento o volume e meus pés começam a seguir o ritmo, fecho meus olhos e prendo a respiração, então consigo ver você me vendo

ombros

é simples assim, você vai faz denovo e pronto, então resta aquela poeira no ar, cheia de dúvidas e promiscuidade.
Assim se afastava e olhava bem de longe,
percebendo as marcas de expressão se esvaindo,
deixando sombras, as sobras relutantes,
a saudade de um lugar que não existe mais,
ou apenas muita química no sangue,
o que lhe pareceu convidativo, com certeza,
eu convidaria, risadas compradas, por que não,
então voltou a si com a dor presa no peito,
incapacidade ou excesso de iniciativa,
estava ao lado, como antes, como depois,
e mesmo que pareça certo, talvez não esteja,
mas, tem que doer muito até passar de vez.

sinto, sim.

sexta-feira, setembro 16, 2011

"E foi tão corpo que foi puro espírito".

Samba do Soho

"Quem não sabe o que é saudade
não conhece esse dilema
não provou desse veneno
nunca teve uma morena

Ah meu deus que bom
te encontrar nessa cidade
quando dobro a esquina
dou de cara com a saudade"


domingo, setembro 04, 2011

[ Friedrich Nietzsche ]

Inconscientemente buscamos os princípios e as teorias adequados ao nosso temperamento, de modo que afinal aparece que esses princípios e teorias criaram o nosso caráter, deram-lhe firmeza e segurança: quando aconteceu justamente o contrário. O nosso pensamento e julgamento, assim parece, é transformado posteriormente em causa de nosso ser: mas na realidade é nosso ser a causa de pensarmos e julgarmos desse ou daquele modo. - E o que nos induz a essa comédia quase inconsciente? A indolência e a comodidade, e também o desejo vaidoso de ser considerado inteiramente consistente, uniforme no ser e no pensar: pois isso conquista respeito, empresta confiança e poder.