sexta-feira, janeiro 31, 2014

Medo

Com corpo ainda quente, saiu na ponta dos pés, abriu a porta com cuidado e a fechou rapidamente atrás de si tentando não fazer nenhum som que a revelasse. Ao invés de lutar como de costume, fugiu olhando pra trás de vez em quando, correu pra longe e não, não contou pra ninguém. Durante dez dias as dores invisíveis foram sentidas em pequenas marcas pontuais, palavras foram decoradas no espelho e o escuro foi interligando os fatos nas noites que ficavam cada vez mais curtas. Por fim estava lá, como o combinado, esperando nos intermináveis minutos de coração disparado. Mas, quando chegou mesmo a hora os olhinhos foram enchendo, se desculpou por ter agora um monte de medo preso no peito, engoliu o choro e escondeu metade do rosto molhado no monte de travesseiros amassados num canto da cama recém arrumada.

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